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Educação Socioemocional l "Educação Socioemocional: tendência do Século XXI"

Educação Socioemocional: tendência do Século XXI

Cristina Corsini

 

A maior dificuldade em resolver um problema é lidar com o que nós estamos sentindo em relação ao problema.

Tania Paris*

 

O que faz com que, em uma sala de aula nos deparemos com alunos dóceis, interessados, que aprendem com facilidade, que respeitam as regras, que se integram e interagem com os colegas de forma positiva, enquanto outros, apesar de sujeitos às mesmas regras escolares e práticas educacionais, demonstrem apatia, falta de interesse, rebeldia, agressividade...?

Nós, educadores, constantemente lidamos com o "padrão" e o "fora do padrão". Mas, o que faz um aluno mesmo com capacidade cognitiva extraordinária ora não conseguir lidar e conduzir de forma positiva situações de conflito? O que faz um aluno, mesmo diante de dificuldades acadêmicas ou inserido em um lar desestruturado, persistir? Por que um aluno saudável, que faz parte de um grupo acolhedor, pratica atos violentos contra seu colega de turma? Enfim, o que torna tão diferente a nossa maneira de agir e reagir diante da vida?

Estabilidade emocional, empatia, capacidade de resolução de problemas e tomada de decisões, controle de impulsos, extroversão, otimismo, amabilidade, abertura a novas experiências... Hoje em dia é sabido o quão importantes são estas características seja no âmbito pessoal como profissional. Porém, ainda que haja consenso acerca dessa afirmação, até pouco tempo atrás tais habilidades eram tidas como características natas, parte da personalidade de cada sujeito e que cabia à família lidar.

Hoje sabemos que não é exatamente assim. As características acima mencionadas fazem parte daquilo que denominamos como "competências socioemocionais" e não são inatas e nem fixas. É algo que o sujeito pode aprender e praticar. Sendo assim, são habilidades que podemos ensinar, seja no ambiente escolar ou dentro de casa.

Entretanto, COMO podemos inserir isso no atual currículo acadêmico, sendo que a educação do nosso país, apesar de infinitas mudanças, ainda se mostra retrógrada e engessada com um modelo que remete à Grécia Antiga, cujo cerne do trabalho era a transmissão de conteúdos? COMO ensinar tais competências se base da docência dos nossos educadores e a ênfase do trabalho pedagógico ainda recaem sobre modelos criados para atender demandas antigas, como o acúmulo de conhecimento, exercícios, repetições e testes que podem até resultar em uma nota maior, mas que não preparam o aluno de forma integral? COMO desenvolver todas as competências que meu aluno necessita para enfrentar os desafios do século 21?

Obviamente que ninguém está questionando a importância do desempenho ou do aprendizado nas diferentes áreas do conhecimento. Os conteúdos que compõem as grades curriculares das disciplinas são muito importantes. Mas, é preciso ir além!

Tabus devem ser quebrados e novos paradigmas deverão ser adotados. A começar pela inclusão de competências socioemocionais na educação de forma intencional. No entanto, isso, certamente, não implica em deixar de lado as competências cognitivas (compreender, interpretar, analisar, comparar, abstrair, etc) até porque estas estão diretamente relacionadas com as socioemocionais. Apesar do longo caminho que ainda precisa ser trilhado, pesquisas e vivências, já no âmbito nacional, mas principalmente em outros países, revelam que alunos que têm competências socioemocionais mais desenvolvidas apresentam maior facilidade de aprender os conteúdos acadêmicos. Trabalhar as habilidades socioemocionais gera um ambiente mais favorável à aprendizagem, tornando o aluno menos ansioso e mais atento e faz com que o professor não precise gastar tanto tempo impondo disciplina.

Porém, é sabido que para que programas escolares com foco na educação socioemocional sejam satisfatoriamente desenvolvidos no país, é necessário investir na formação de professores.  É preciso empoderar os educadores não apenas com conhecimentos científicos, mas, principalmente, de práticas e estratégias para o trabalho na sala de aula: O QUE e COMO fazer. É a produção de saberes e fazeres que se concretizem na criação de novas modalidades de práticas na escola. O cuidado, atenção e construção de um novo olhar da atuação pedagógica.

Assim surgiu a ideia de estruturar o Curso de Especialização em Educação Socioemocional e Práticas na Escola cuja principal aposta é no sentido contribuir com a formação dos educadores através de novos conhecimentos articulados às estratégias práticas aplicáveis no dia a dia da escola; contribuir para que os educadores sejam capazes de oferecer atendimento educacional que promova o desenvolvimento integral do aluno levando em conta as necessidades, as limitações, as potencialidades e os interesses de cada um, com a ciência de que existe uma série de aspectos que são mais relacionados à atitude do que ao conhecimento puro e simples.