Pensar, conhecer e realizar - Repetir mecanicamente não é educar! - por Jorge Luiz da Cunha

Em um livro que foi publicado em 2001, aqui no Brasil, encontrei uma provocativa interpretação da escola contemporânea tradicional. O autor é um engenheiro e arquiteto, que nasceu no México e que vive hoje no Canadá, chamado Alberto Pérez-Gómez. Considerado um dos mais renomados e importantes historiadores da arquitetura. Ele afirma:

"É fácil reconhecer como a escola, filha privilegiada do Iluminismo moderno, exerceu e continua exercendo um poderoso influxo etnocêntrico. A escola está reforçando de maneira persistente a tendência etnocêntrica dos processos de socialização, tanto na delimitação dos conteúdos e valores do currículo que refletem a história da ciência e da cultura da própria comunidade como na maneira de interpretá-los como resultados acabados, assim como na forma unilateral e teórica de transmiti-los e no modo repetitivo e mecânico de exigir aprendizagem".

Exigir aprendizagem pela repetição mecânica de conteúdos não educa ninguém para viver no mundo e na cultura contemporâneos em que estamos inseridos. Para educar é preciso encorajar a interpretação, a significação, encorajando inclusive a emoção e a diversidade de alternativas explicativas e práticas.

Neste contexto, percebemos que as instituições escolares não podem transmitir nem trabalhar dentro de um único modelo de pensar. Toda a prática educativa deve experimentar e executar a vinculação dos conhecimentos que já foram criados, produzidos e reproduzidos como alternativas criativas de exercícios de novos conhecimentos. Isso é educar! Mas, somente produz bons resultados quando as qualidades e as limitações, isto é, a diversidade de habilidades físicas, intelectuais, culturais de todos os envolvidos, forem reconhecidas.

Hoje, as dificuldades que existem para definir as relações entre educação e cultura se devem a razões inerentes à situação da cultura em relação à modernidade, pois a educação tradicional - em escolas que não exercitam a inovação - é cada vez menos capaz de encontrar um fundamento e uma legitimação de ordem cultural. Os fundamentos da escola e da cultura são fundamentos modernos, mas com todas as mudanças ocorridas na sociedade, eclodiram os conceitos de cultura - do monoculturalismo para o multiculturalismo - e o da escola tradicional permaneceu estagnado, o que fez com que o conceito de escola e os seus paradigmas entrassem em crise. Especialmente nos contextos incertos, confusos e bilaterais de hoje.

Antigamente as relações entre a escola e as culturas eram no máximo duas: - ou a escola como reprodutora de uma cultura dominante, ou a escola forçando uma luta contra a cultura hegemônica. Hoje a escola deveria, ou melhor, necessita, de forma inovadora, ser o espaço de cruzamento de culturas, produzindo, criando novas práticas culturais para além das normas e das imposições. Repetir mecanicamente não é educar!