Metodologias Ativas na Educação - Os livros de história do futuro I - por Max Franco

Metodologias Ativas

23 Março, 2020

O que dirão os livros de história sobre os anos 20 do século XXI?

Antes de tudo, precisamos saber se dirão algo. Da mesma forma que existiram anos (e séculos) que não mereceram nem sequer uma linhazinha de rodapé em qualquer livro de história.

Particularmente, gostaria de ler que os anos 20 foram anos de recuperação da humanidade e do humanismo. Afinal, ambos estiveram em baixa nesses últimos anos.

Movimentos como o ultra-nacionalismo, a mistura de religião e estado, os obscurantismos que geraram questionamentos infundados contra a universidade e a ciência, como o criacionismo, o terraplanismo e a antivacinação, além de outras mil teorias da conspiração, foram fortalecidos nessa espécie de "neo-idade média" dos tempos modernos.
Se haverá algum bônus trazido pelo COVID-19 - tudo indica - será o retorno da Ciência ao patamar do qual nunca deveria ter saído. Os livros de história, portanto, deverão falar que, depois de um hiato de irracionalidade coletiva, a humanidade voltou seus esforços para a pesquisa e para a resolução de problemas globais.
A humanidade, em outras palavras, se voltou para o humanismo.
O resgate do humanismo incentivou um debate internacional sobre as problemáticas de cada povo e lugar motivando um compromisso real de sanar as respectivas dificuldades. A humanidade se voltou para o humano, não importando sua origem, sua cor da pele, religião, sexo ou classe social.
Seria bonito de ler isso, não seria?
Se a humanidade se tornasse humana e, por isso, comunitária, solidária e igualitária?
Como seria bom de ler linhas felizes nos livros de história.

"Depois do grande isolamento provocado pela pandemia do COVID-19, ocorreu um movimento de massa em prol dos princípios humanistas, o que estimulou atitudes de conscientização a favor da ciência, da pesquisa e da resolução dos problemas globais. A humanidade se compreendeu como um grande povo, uma coletividade que precisava cuidar dos mais vulneráveis e da sua casa, o planeta Terra. A humanidade, a partir desse momento, virou uma grande nação, sem perder suas tradições e peculiaridades de cada lugar, mas centrada em pensar a si mesma como uma grande tribo."

Os textos dos livros de histórias seriam - todos - storytelling? Histórias contadas para convencer alguém de algo? 

Há todo tipo de crônica histórica e de cronistas. A história, muita vez, é apenas a versão do vencedor dos embates. É o registro que o alguém mais poderoso quis que prevalecesse.

Por que, então, não podemos escrever uma "história do futuro" com as versões que desejamos que prevaleçam? 

Mas, não são as versões que importam, são?

Os fatos estão para a história o que o trigo é para o pão. Precisamos de versões, de crônicas e registros, porém precisamos, mais ainda, de fatos.

Podemos, portanto, escrever hoje, tal qual o historiador parcial, uma história que nos agrade os ouvidos. Entretanto, melhor seria se a escrevêssemos com palavras e fatos. A história, afinal, se alimenta de fatos.

Seria lindo de se ver a troca da distopia pela utopia.