Educação Infantil Crescendo e Aparecendo - Perspectiva para o retorno da educação infantil - por Tawana Orlandi

Educação Infantil

20 Agosto, 2020

Perspectiva para o retorno da educação infantil

Se me perguntarem a respeito do retorno da Educação Infantil, responderei: Essa é uma questão complexa e polêmica. Com casos e mortes aumentando e taxa de ocupação elevada, sou contra. No entanto, se o governo exige que voltemos, temos que ter um planejamento. Medo, angústia, pânico, desespero, receio, preocupação, tensão, insegurança são alguma dos sentimentos que nós, professores(a) de Educação Infantil temos ao pensar no retorno. Mas esses sentimentos não devem nos paralisar, mas serem acolhidos e a partir daí, construirmos à luz dos documentos e protocolos um caminho que atenda o contexto no qual estamos inseridos. As crianças também retornarão com sentimentos e experiências diversas e caberá a nós esse acolhimento. 

Nesse sentido, pretendo nesse texto trazer algumas perspectivas sobre esse tema. Em Ribeirão Preto foi criada comissão intersetorial dia 18/06 sem data de previsão para o retorno. O Estado de São Paulo divulgou em 24/06 um plano para retomada das aulas. No plano escolas poderiam retomar as aulas no dia 8 de setembro desde que o Estado inteiro se encontrasse há 28 dias consecutivos na fase 3 (amarela), como isso não ocorreu a data foi revisada e há uma previsão para 7 de outubro. Abriu-se a possibilidade para que caso a cidade esteja há 28 dias na fase amarela as escolas poderão retornar opcionalmente. De acordo com o plano todas as etapas: Educação Básica (Ed. Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e Ensino Superior e Profissional retornarão juntas em três etapas: no máximo 30%, 70% e 100% das crianças e jovens. Mas como fazer essa seleção na Educação Infantil? Que critérios utilizar? 

Por isso, algumas considerações precisam ser feitas: o uso de máscaras não é recomendável pela Sociedade Brasileira de Pediatria para menores de 2 anos, pois há riscos de asfixia; O contato com secreção nasal, saliva e fezes pode gerar transmissão da doença ao levar a mão contaminada aos olhos, boca e nariz; a alternância/revezamento não faz sentido para atender a necessidade de trabalho dos pais e do ponto de vista afetivo e de vínculo é muito ruim; algumas crianças em casa não estão protegidas (situações de vulnerabilidade e violência), no entanto cabe à Assistência Social e Justiça acompanhar esses casos; Professores de escolas particulares tiveram contratos suspensos, redução de salários. Escolas pequenas fechadas; provavelmente crianças que frequentavam escolas privadas migrarão para as escolas públicas devido à crise financeira; na maioria das escolas, sobretudo públicas, a infraestrutura tem muitos limites e não foram pensadas considerando as especificidades das crianças pequenas; será preciso ter torneiras perto do trocador e em grande quantidade; será fundamental observação atenta às crianças e comunicação efetiva com as famílias, além é claro de materiais e equipamentos necessários para realizar a higiene adequadamente. 

Por isso deixo algumas reflexões: Será mesmo hora de retornar? Estamos nos organizando efetivamente para um retorno?  Como e o que fazer para que o retorno seja seguro para todos e todas? Esse é um momento que temos mais perguntas que respostas, mas boas perguntas podem nos ajudar a planejar um retorno que não seja tão abrupto como foi nosso isolamento.