Educação Infantil: Crescendo e Aparecendo - Breve contextualização histórica da educação infantil (PARTE 1) - por Tawana Orlandi

Educação Infantil

20 Novembro, 2019

Breve contextualização histórica da educação infantil (PARTE 1) 

Atualmente a educação infantil diz respeito a educação de crianças de zero a cinco anos, porém nem sempre foi assim. Por muito tempo a criança foi tratada como um adulto em miniatura. Na época do Brasil escravista, as crianças negras com apenas seis anos já desempenhavam tarefas de adultos. Para os meninos brancos a realidade era outra: aprendiam latim, gramática e boas maneiras em colégios religiosos.   

  A ideia de educar crianças pequenas no Brasil tem influência francesa. A preocupação era com a saúde das crianças, especialmente as pobres, uma vez que os índices de mortalidade eram altíssimos. Porém, as oportunidades nunca foram as mesmas para todas as crianças, as escravas retornavam ao trabalho apenas três dias após o parto e o bebê era incorporado ao trabalho da mãe, diversos viajantes relataram situações de bebês amarrados as costas das mães. Porém, o destino de muitas crianças, filhas de mães escravas era a Casa dos Expostos ou simplesmente Roda. A Roda é um cilindro com aberturas dos dois lados laterais, um lado fica fechado e voltado para a rua, assim se uma mulher deseja entregar seu filho, ela toca a campainha e coloca a criança dentro do cilindro que vai girando até levar a criança para o interior da instituição. As crianças entregues na Roda geralmente eram encaminhadas para famílias que as criavam. Essas famílias usavam as crianças para realizar trabalhos domésticos entre outros. Para as mães escravas a Roda representava uma esperança em livrar os filhos da escravidão, mas esses continuavam sob a condição de empregados. Com as campanhas pela abolição a aprovação do Ventre Livre a Roda passou a ser menos utilizada. 

As primeiras creches foram inauguradas em asilos para atender crianças pobres. Além de reduzir as mortes infantis e a transmissão de doenças, o objetivo era liberar mulheres para o trabalho e melhorar o rendimento dos homens. Porém, essa era a saída apenas para parte da população. Para as crianças oriundas de famílias abastadas, o destino era ficarem com suas mães, serem amamentadas por elas e educadas em casa. 

No período do Brasil escravista começou a se falar em creche, mas foi somente na República que essas instituições se consolidaram. As creches desde o princípio foram criadas e geridas por instituições filantrópicas. Essas instituições estavam vinculadas à igrejas e eram mantidas por meio de doações. A ideia de assistência social perdurou anos a fio no atendimento das crianças de 0 a 3 anos e, ainda hoje, podemos observar essa ideia assistencialista em alguns discursos.