Educação Infantil: Crescendo e Aparecendo - Breve contextualização histórica da educação infantil (PARTE 2) - por Tawana Orlandi

20 Dezembro, 2019

Breve contextualização histórica da educação infantil (PARTE 2)

Em 1862 na cidade de Castro, no Paraná, a professora Emília Faria de Albuquerque Erichsen fundou o primeiro jardim de infância do país.  Atendia crianças de 4 a 6 anos e suas atividades recebiam inspiração de Froebel. No jardim de infância predominam atividades práticas autogeradas pelos interesses e desejos da criança, dado o poder de criar que Froebel defendia como sendo inato na criança. Froebel cria um modelo divido em Prendas e Ocupações. As Prendas seriam materiais que não mudariam de forma: cubos, cilindros, bastões e lápides que, usadas em brincadeiras, possibilitam a criança formar um sentido da realidade e um respeito à natureza. Já as ocupações consistiram de materiais que se modificam com o uso: argila, areia e papel, que eram usados em atividades de recorte, dobradura, alinhavo em cartões em diferentes figuras estavam desenhadas, enfiar contas em um colar e outras. Canções completariam esta lista de sugestões de materiais e atividades, todas elas realizadas junto com a professora, sob o estímulo desta. Em 1875 são criados jardins de infância no Rio de Janeiro e 1877 em São Paulo. Esses foram influenciados pelo modelo de atendimento europeu e eram financiados por entidades privadas. O primeiro jardim de infância público foi criado em 1986 na cidade de São Paulo. Existem registros de jardins de infância localizados em praças públicas que atendiam crianças de 4 a 6 anos em meio turno, em Porto Alegre (SC) e Teresina (PI). Os jardins de infância se expandem pelo país e a partir da década de 1970 organismos internacionais passaram a interferir nas políticas de atendimento às crianças pequenas. A contrapartida dessa interferência serão empréstimos internacionais. Infelizmente esses empréstimos nunca chegaram às crianças, pois os maiores investimentos são feitos na outra ponta, nos salários e estrutura dos assessores. Não obstante as intervenções continuaram nas décadas subsequentes, incorporando novas instituições como o Banco Mundial. A interferência dos organismos internacionais na educação infantil produziu efeitos nos dias atuais, especialmente na concepção que os governantes tem de como deve ser feito o atendimento às crianças pequenas. Vivemos hoje, como reflexo dessas políticas retrocessos na educação infantil, como o desinvestimento e a aceitação de profissionais com nível médio para fazer as atividades dos professores nas creches.