Professor sem Fronteiras - 7,1 milhões de empregos deixarão de existir no mundo nos próximos 5 anos.

7,1 milhões de empregos deixarão de existir no mundo nos próximos 5 anos.

"A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces. "

Aristóteles

Especialistas de 14 países, das mais diversas áreas do conhecimento, falam sobre um mundo sem emprego. Indicadores atuais, do Brasil e do mundo, apresentam um cenário preocupante. A rapidez com que a tecnologia avança causa impacto nos empregos, principalmente das pessoas menos escolarizadas. Se eles apontam essa tendência, o futuro parece ser preocupante. O futuro, nosso e das próximas gerações, será mesmo de desemprego em massa? Existem profissões isentas? O que pode e precisa ser feito hoje?

Nenhuma pessoa corre o risco de ser ridicularizada ao sugerir que, em cinco anos, não precisaremos mais de motoristas de ônibus e taxistas. Quem dirigir veículos o fará por esporte. Condutores de metrô? Estima-se que 60% e 80% dos postos devem ser eliminados nos próximos anos. Cinco mil robôs, atualmente, cuidam do estoque, logística e remessa em centros de distribuição da Amazon. As entrega serão realizadas por Drones.

Diante desses fatos, engana-se quem crê que apenas os trabalhos enfadonhos (aqueles que repetem-se frequentemente da mesma maneira com raras e pequenas variações)  são passíveis de automação. Advogados, médicos, jornalistas e arquitetos, por exemplo, estão passando por uma reengenharia de forma radical. Robôs já são capazes de orientar peças de acusação ou defesa, alicerçados sobre infinita jurisprudência (Big Data).

 A interação humano-máquina, onde os aparelhos estão diretamente conectados ao usuário (Internet das Coisas), produzem milhares de dados que desconcertam médicos. Máquinas (Inteligência Artificial) serão mais eficientes e eficazes nos diagnósticos e prescrições. Aliás, elas atenderão a promessa da medicina preventiva. Algoritmos já escrevem matérias jornalísticas. Projetar prédios e imprimir boa parte deles? Já está acontecendo.

Big Data, Internet das Coisas e Inteligência Artificial são os assombros tecnológicos mais citados quando falamos sobre o futuro do trabalho. Parece não existir nenhuma profissão protegida.

Um trabalho artesanal (ainda) pede pelo toque humano. Não se encaixam aqui apenas os trabalhos que exigem destreza manual, mas todos que requerem empatia e criatividade. Como as saídas são diferentes e de certa forma únicas, concluímos que esses trabalhos não são rotineiros.

Toda atividade rotineira é passível de padronização. Guias, checklists, modelos (templates), receitas e procedimentos são formas de padronizar a execução de uma tarefa. Uma vez padronizada, ela poderá ser facilmente ensinada e distribuída.

É natural que aquilo que passou pelo estágio anterior seja sistematizado. Trata-se da aplicação de tecnologia mais sofisticada para uso pelo próprio profissional ou pela organização.

Nos passos anteriores, o trabalho ainda é do profissional ou da organização que o emprega. Claro, inserimos aqui os terceirizados (estejam onde estiverem). No último passo, a tarefa irá para as mãos de clientes, curiosos, leigos etc. É o que chamamos terceirização. Lembre-se, por exemplo, de quanto trabalho os bancos passaram para o cliente.  Check-ins automáticos em hotéis e aeroportos e tudo é apresentado como autosserviço on-line são casos de tarefas terceirizadas.

Não há um início fixado para isso acontecer e a progressão não precisa ser linear. Ou seja, uma tarefa já pode nascer terceirizada. Pense no chamado de um carro do Uber, por exemplo.

Profissões são Meios

As profissões são a forma que inventamos para disponibilizar conhecimento especializado. Ou seja, conhecimentos e habilidades não são apenas requisitos para o desempenho de uma profissão. São seu objetivo principal. A sociedade nos autoriza, assim como faz com empresas, a resolver problemas. Portanto, profissões são meios, nunca o fim.

E o que está acontecendo? A sociedade está buscando meios mais eficazes e baratos de resolver problemas. Meios que confrontam o monopólio das profissões. Serviços que desmistificam papéis e aumentam consideravelmente o número de pessoas que podem ter acesso às soluções. Sejam elas médicas, jurídicas, educacionais, arquitetônicas. Por isso, caminhamos para uma sociedade pós-profissional.

Essa revolução não acontecerá do dia para a noite. Entretanto, ao que tudo indica, ela já começou. E caminha a passos largos. A resistência, por meio de leis, não terá efeitos duradouros. Discursos empolados e repletos de neologismos e jargões surtirão efeito contrário - aumentarão o ímpeto pela desmistificação daquele trabalho. Como bem escreveu Joshua Cooper Ramo, "forças estão eliminando um sistema. Mas também estão produzindo outro. "

O que pode ser pensado e o que precisa ser feito?

Existem as questões morais amplas, que deveriam ser feitas por todo mundo. A principal delas talvez seja: "qual futuro queremos para nós, nossos filhos e netos?" Está longe do fim deste artigo apresentar respostas.

Restam as questões mais práticas. Quantas de nossas tarefas seguem o inevitável caminho da comoditização total? Quais seguirão artesanais em médio e longo prazos? Elas serão suficientes para garantir determinado nível de renda? Quanta oferta delas existirá? Quais outros trabalhos eu posso vislumbrar? E quais habilidades e conhecimentos são necessários para desempenhá-los? Serei nessas tarefas melhor que uma máquina?

Para encerrar, sugiro como solução investimento significativo em cursos de especialização, tecnológicos, que desenvolvam ainda mais a criatividade, perseverança e a cooperação, pois me parece que quem tenta trabalhar como uma máquina já perdeu o jogo.