Neurociência e Comunicação - O autoconhecimento - por João Rilton

Neurociência

20 Janeiro, 2019

O autoconhecimento

 

            Quando falo sobre autoconhecimento, algumas pessoas associam imediatamente a minha fala ao conceito de autoajuda. Se eu pensar em autoajuda como tudo aquilo que me ensina a lidar com certas situações, desenvolvendo aprendizado para a vida prática, eu digo que sim, o autoconhecimento pode se relacionar ao conceito de autoajuda, e explico: quando se desenvolve autoconhecimento você passa a conhecer quais são suas potencialidades e quais são suas fraquezas. As suas potencialidades são moedas de troca na sociedade, suas fraquezas são onde devem ser investidas uma parte das moedas ganhas com as potencialidades. O ato de se autoconhecer é saber agir, de forma clara e proposital, em direção à uma resolução não violenta e justa, direcionada aos seus maiores anseios em ajudar e ser ajudado, em trabalhar em prol e receber pelo seu trabalho. Se autoconhecer é entender que o outro tem um sistema de pensamentos e julgamentos tão individualizados quantos os seus sistemas de pensar e julgar, por isso, aceitar que uma opinião do outro possa ser diferente da sua é essencial.

            Quando uma pessoa busca por autoconhecimento ela direciona sua comunicação para a auto-observação: processo de internalizar a comunicação, ou seja, direcionar os pensamentos para observar o que ela comunica para ela mesma, sobre as coisas que ela julga como devem ser e sobre como ela deve agir. Se o processo for julgar o que outro é, isso não desenvolve autoconhecimento e sim gera um sistema interno de julgamento automático, que faz com que a pessoa deixe de ter boas respostas em sua comunicação cotidiana pessoal, pois terá uma reação física negativa ao ter que lidar com pessoas diferentes ou situações diferentes das cotidianas. A flexibilidade emocional, a capacidade de entender que a atitude do outro foi baseada no mapa de pensamentos do outro - por isso não pode ser comparada ao seu próprio mapa de pensamentos - é uma ferramenta importantíssima para o bom desenvolvimento da comunicação. Quando julgamos, fazemos isso baseado em nosso próprio mapa interno, e não conseguimos entender que existe um outro mapa interno que direciona a atitude da outra pessoa, baseado nos próprios julgamentos que ela desenvolveu.

            Desenvolver autoconhecimento é uma ferramenta imprescindível para nós educadores e lideres de pessoas. Através do nosso autodesenvolvimento podemos promover o ensino desse processo para nossos alunos ou nossas equipes. Contemplar a diversidade de opiniões, de pontos de vistas, de personalidades, gera um sentimento de unidade por conta da proximidade dos tipos de atitudes, e ao mesmo tempo nos encanta o poder do que é diferente, que nos lança à reflexão, à quebra de paradigmas, ao ato da contemplação do diferente no outro. As palavras podem ser bonitas, mas a prática é trabalhosa. Para grande parte de nós, mudar a forma de agir em relação às atitudes de alguém, ou em relação aos fatos que ocorrem no cotidiano, não é uma prática simples, ela exige muito trabalho de ressignificação de idéias. Por tudo isso Viva a Comunicação humana!