Educação Infantil: Teoria e Prática - A importância do brincar na Educação Infantil - por Debora Corigliano

Educação Infantil

05 Novembro, 2018

Muitas pesquisas já foram feitas sobre o desenvolvimento da criança no período da educação infantil. E cada vez mais se constata que o brincar é um instrumento de valor significativo, quando pensamos no desenvolvimento dos aspectos cognitivos, emocional, social e motor.

É na ed. Infantil onde a ludicidade deve acontecer de forma mais intensa e repleta de significados. De acordo com Macedo (2005), "o brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil. É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às necessidades de sobrevivência como o repouso e a alimentação. Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas. As crianças brincam pelo prazer de brincar" 

Tizuko Kishimoto, especialista em Ed. Infantil pela USP em seu artigo sobre este tema, afirma que é na brincadeira de faz de conta que se percebe com mais evidência a presença da situação imaginária. A brincadeira sócio dramática surge com o aparecimento da representação e da linguagem por volta dos dois e três anos quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e assumir papéis presentes no seu contexto social, o faz de conta permite tanto a entrada no imaginário como a expressão de regras implícitas que se manifestam nos temas das brincadeiras.

Quando brinca a criança pode experimentar condutas, normas sociais e ações que em circunstâncias normais não seriam arriscadas pelo receio de ser punida ou pelo erro. É na brincadeira que a descoberta das regras e aquisição da linguagem acontecem. 

Entendemos que as brincadeiras interativas colaboram tanto para o desenvolvimento cognitivo como para o aprendizado das frases que fazem parte da brincadeira, pois desta forma a criança aprende a solucionar problemas e perceber seus sentimentos nas mais diversas situações.  

Se pensarmos que o brincar não é uma ação nata da criança e sim um comportamento adquirido, podemos refletir a luz de Vygotsky que considera a mediação de um adulto positiva para que possa ensinar a brincar e a auxiliar no momento de solucionar problemas. 

Vygotsky entende a supervisão como um sistema de trocas interativas, onde o adulto possibilita aquisição de um sistema de signos, como a linguagem, fundamentais para tomada de decisão. 

Um ponto fundamental para os educadores da educação infantil é perceber que a brincadeira livre contribui para libertar a criança de qualquer pressão. É neste momento que a interação social acontece e a mediação do adulto também é importante sem interferir ou tentar mudar, apenas conduzindo de forma saudável. 

Para Kishimoto (2002) as brincadeiras de faz de conta têm mais efeitos positivos no desenvolvimento da criança quando há imagens mentais para subsidiar a trama. Crianças que brincam aprendem a decodificar o pensamento daquelas que brincam com elas por meio da metacognição que é o processo de substituição de significados típicos de processos simbólicos. É essa perspectiva que permite o desenvolvimento cognitivo.

E finalizo com a visão de Piaget, "Quando a criança brinca, ela assimila o mundo à sua maneira, sem que ele tenha correspondência com a realidade, pois a sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui". Piaget (1971 apud KISHIMOTO, 2007, p. 59)

No próximo mês, vamos falar sobre o jogo e o brinquedo! 

Até lá!