Dia do Brincar - Entrevista especial com a Profa. Debora Corigliano

Educação Infantil
28 Maio, 2025
Entrevista Especial em Comemoração ao Dia do Brincar
Em celebração ao Dia Mundial do Brincar, o IBFE publica uma entrevista especial que reforça a importância do ato de brincar como um direito fundamental da infância. Previsto no artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, o brincar não é apenas lazer — é desenvolvimento, aprendizado e vínculo.
A entrevista traz reflexões sobre o papel essencial das brincadeiras no crescimento físico, motor, emocional, social e cognitivo das crianças, além de destacar a importância do envolvimento ativo de pais, professores e cuidadores nesse processo.
Com o objetivo de valorizar o tempo de qualidade em família, longe das telas e próximo da imaginação, o conteúdo propõe um olhar mais atento e afetuoso para os momentos de diversão na infância — fundamentais para uma formação integral.
Confira:
1. Por que brincar é tão importante para o crescimento e o aprendizado das crianças? O que o brincar ajuda a desenvolver nelas?
É muito importante que a criança brinque na primeira infância. Esse brincar colabora para montar estruturas dentro do cérebro — estruturas cognitivas — que ajudarão essa criança em suas habilidades futuras, como, por exemplo, a alfabetização, a leitura e a escrita. No brincar, essa criança tem a oportunidade de tomar decisões, nomear, fazer trocas, raciocinar, pensar sobre — isso é muito importante — além de trabalhar questões como emoção, sociabilidade e a parte psicomotora. Portanto, o brincar é essencial para o desenvolvimento completo da criança na fase adequada.
Enquanto estiver na primeira infância, propor jogos, brincadeiras e brinquedos é fundamental para o seu desenvolvimento.
2. Qual o papel dos adultos — como pais e professores — para garantir que as crianças tenham tempo e espaço para brincar todos os dias?
Tanto professores quanto pais são fundamentais para que esse estímulo ao brincar aconteça. Por isso, é muito importante que estejam presentes. Dar um brinquedo para que a criança brinque sozinha gera pouca motivação e estímulo. Quando os adultos responsáveis — sejam pais ou professores — interagem com a criança, um fator importante entra em cena: a motivação. E, com certeza, quando há motivação, o desenvolvimento flui. A interação, a vontade de fazer, de aprender — o fazer junto — faz toda a diferença.
Você pode dar um brinquedo de excelente qualidade para a criança, mas, sozinha, ela não terá a mesma motivação. Pode ser uma caixa de papel — com um adulto junto, com certeza a proposta será diferente. Sendo assim, é muito importante a participação do adulto no desenvolvimento da criança, com foco no brincar.
3. O que pode acontecer com uma criança que brinca pouco ou quase nunca brinca? Isso pode atrapalhar o desenvolvimento dela?
A criança que é limitada por questões externas ao ato de brincar, com certeza terá um desenvolvimento aquém. Por quê? Porque a criança precisa do brincar para desenvolver as áreas cognitivas, motoras e sociais. Quando ela não brinca com brinquedos, com outras crianças, com jogos e até mesmo com adultos, as áreas do seu cérebro não serão estimuladas. E, se forem estimuladas tardiamente, não terão o mesmo desenvolvimento.
Então, é muito importante que, durante a infância, o estímulo ao brincar aconteça. Menos telas e mais brinquedos.
4. De que forma as brincadeiras ajudam as crianças a se conhecerem melhor, se expressarem e se relacionarem com os outros?
Tudo pode virar uma brincadeira. Um pedaço de papel, uma caixa de papelão, um palito de sorvete — tudo pode se transformar em brincadeira, desde que haja motivação. Assim, as brincadeiras ajudam a criança a socializar, a se perceber e a expressar os seus sentimentos.
A escola geralmente propõe o "dia do brinquedo", e isso realmente é uma proposta importantíssima e necessária. É o dia em que a criança traz o seu brinquedo de casa para socializar com os colegas. Nessa proposta, ela vai aprender a fazer trocas, a esperar sua vez, a conversar com os amigos sobre os brinquedos, a tentar convencer o colega a fazer a troca ou a deixá-lo brincar com seu brinquedo.
As brincadeiras ajudam muito a criança a se perceber emocionalmente, a desenvolver a empatia e a aprimorar seu aspecto emocional e social.
5. Hoje em dia, muitas crianças passam muito tempo no celular ou na TV. Como os pais podem equilibrar o uso da tecnologia com as brincadeiras mais criativas e ao ar livre?
Hoje vivemos uma realidade de uso excessivo das telas — seja TV, celular ou computador —, mas os pais podem sim equilibrar esse uso da tecnologia oferecendo situações e eventos com brincadeiras, jogos e atividades criativas. É importante colocar esses momentos na rotina da família.
Não adianta o pai dizer: "Olha, larga o celular e vai brincar", se ele mesmo está no celular. A criança aprende pelo exemplo. Por isso, é fundamental que a iniciativa da brincadeira, de levar a criança a um parque — e é importante que os passeios familiares não se limitem a lugares de consumo, como shoppings e mercados — venha dos adultos. A criança precisa ir a espaços ao ar livre, onde possa brincar, criar, conviver com pais, irmãos, primos e fazer novas amizades.
E isso deve ser dosado pela família, com propostas concretas. Com certeza, a criança vai preferir largar o celular para viver esses momentos, que podem se tornar práticas familiares. Uma noite por semana, duas noites por semana — a família se desconecta da tecnologia para se conectar como pessoas, para brincar e fazer algo prazeroso juntos. Isso realmente é importante.
Comece comprando alguns jogos de tabuleiro para incluir essa prática no cotidiano familiar.
Aproveito para deixar aqui a minha dica de um jogo que criei, chamado Habilidades para Aprender. É uma caixa com atividades que desenvolvem, em crianças e adolescentes, habilidades como raciocínio, memória, atenção, vocabulário, escrita e leitura. De forma lúdica, estamos estimulando todas essas competências.
