Artigo Semanal - Professor sem Fronteiras: A educação que desejamos

Professor sem Fronteiras

30 Novembro, 2016

A educação que desejamos

A educação é um processo rico, difícil e vivo, no qual participamos ao longo da vida como aprendizes e educadores de forma intercalada e contínua. É humanista, porque é feita entre pessoas, em ambientes formais e informais, ao vivo ou desconectado da rede de internet, que nos ajudam a estabelecer caminhos pessoais que nos satisfaçam em todas as grandezas.

A sociedade é educadora e aprendiz ao mesmo tempo. Todos os espaços e instituições educam - transmitem ideias, valores, regras - e, ao mesmo tempo, aprendem - embora na escola o façamos de forma intencional e organizada. O processo educacional não é finalizado na escola. A sociedade educa por meio da família, grupos educacionais, mídias. Todos somos corresponsáveis pelo êxito ou fracasso educativo individual e coletivo. A educação formal organiza uma parte desse processo mais amplo, que é o ensino de conteúdos, habilidades, competências e valores importantes para o país, para a transmissão da cultura passada e orientar para escolhas pessoais e profissionais futuras.

O ensino precisa ser mais inovador, porque estamos numa fase de transição: ainda não saímos do modelo industrial (ainda que mantenhamos muitas de suas estruturas organizacionais e mentais) nem chegamos ao modelo da sociedade do conhecimento, embora parcialmente agrupemos alguns dos seus valores e expectativas.

Em educação não podemos ser xiitas e defender um único modelo, proposta ou caminho. Trabalhar com desafios, com projetos reais, com jogos é o caminho mais importante hoje, mas pode ser realizado de várias maneiras e em contextos diferentes. Podemos ensinar por problemas e projetos, em um modelo disciplinar e em modelos sem disciplinas isoladas; com modelos mais abertos - de construção mais participativa e processual - e com modelos mais roteirizados, preparados anteriormente, planejados nos seus mínimos detalhes.

 O articulador de cada uma das etapas, sejam elas individuais e/ou coletivas, é o professor, com sua capacidade de acompanhar, mediar, de analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades, a partir dos percursos realizados pelos alunos individual e coletivamente.

Esse novo papel do professor é mais complexo do que o anterior de transmitir informações. Precisa de uma preparação em competências mais amplas, além do conhecimento do conteúdo,  como saber adaptar-se ao grupo e a cada aluno; planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas e diferentes.

A chegada das tecnologias móveis à sala de aula traz novas possibilidades e grandes desafios.  São cada vez mais fáceis de usar, permitem a colaboração entre pessoas próximas e distantes, ampliam a noção de espaço escolar, integrando os alunos e professores de países, línguas e culturas diferentes. E todos, além da aprendizagem formal, têm a oportunidade de se engajar, aprender e desenvolver relações duradouras para suas vidas. Ensinar e aprender podem ser feitos de forma personalizada, isto é, no ritmo de cada um.

O modelo mais interessante de utilização de tecnologias é o de concentrar, no ambiente virtual, o que é informação básica e na sala de aula, as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que se chama de aula invertida. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos com a aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam a fazer, aprendam a conviver e aprendam no seu próprio ritmo. E é decisivo para valorizar mais o papel do professor como mediador de processos de aprendizagens significativas e não o de um simples transmissor de informações. Os docentes, ao se tornarem mediadores, poderão utilizar os recursos próximos, tecnologias simples, como os que estão no celular. Uma câmera para ilustrar, um programa gratuito para juntar as imagens e contar com elas histórias interessantes e os alunos serem autores, protagonistas do seu processo de aprender.

Os educadores hoje precisam aprender a realizar-se como pessoas e como profissionais, em contextos precários e difíceis; aprender a evoluir sempre, em todos os campos, a ser mais afetivos e, ao mesmo tempo, saber gerenciar grupos. Podemos transformar-nos em educadores inspiradores, motivadores. Na relação direta com os alunos, podemos suprir muitas das lacunas estruturais com uma comunicação direta, confiante e aberta, incentivando-os a participar, a se expressar, a compreender o que os motiva profundamente. Quanto mais avançamos tecnologicamente, mais importante é poder ter profissionais competentes.

 

E você, o que espera da Educação do Futuro?