Neurociência e Comunicação - O cérebro e as emoções - por João Rilton

Neurociência

20 Janeiro, 2018

A neurociência é um recorte, dentro do estudo de biologia, que tem como função estudar o sistema nervoso: encéfalo, que são as partes que ficam dentro do crânio e medula espinal, que é protegida pela coluna vertebral. Em termos mais simples: é o estudo do cérebro. A neurociência cognitiva e a neurociência comportamental se entrelaçam quando o assunto é comportamento humano. Memória, foco e concentração são assuntos chaves na neurociência cognitiva. As reações emocionais, voluntárias ou involuntárias, são discutidas pela neurociência comportamental. 

Vamos partir da seguinte premissa: tudo o que você pensa é composto por imagens, sons e sensações. O que são essas sensações? Elas são o que podemos chamar de conteúdos emocionais. São disparos de reações químicas no cérebro, geradas por estímulos externos ou internos, que ativam reações físico-comportamentais que vão desde um alinhamento de ombros até a interpretação de sensações como alegria, insegurança, medo, desejo, confiança, etc. É como nos sentimos quando recebemos um estímulo externo, seja ele auditivo, visual ou cinestésico. É a resposta do cérebro para esses estímulos.

Algumas dessas reações se diferenciam de pessoa para pessoa. Por exemplo: uma pessoa pode ter uma reação de disritmia e de ansiedade quando tem que se comunicar em público, Porém, algumas pessoas não ativam esse tipo de resposta emocional perante essa situação. Não podemos dizer que um evento seja capaz de causar uma reação específica em alguém. Mas, se conhecemos a história dessa pessoa e estudamos sobre comunicação não-verbal, que não deixa de ser o estudo das reações emocionais manifestadas no corpo, podemos fazer um paralelo entre a situação problema e o tipo de resposta emocional que se tem.

Seguindo o raciocínio, se alguém está pensando algo sobre o seu interlocutor, isso está sendo transmitido pela comunicação não-verbal. Se eu não gosto do meu interlocutor, o meu corpo físico demonstra isso, mas na maioria dos casos o interlocutor não está atento e não tem conhecimentos específicos sobre linguagem corporal para perceber o que está acontecendo. Portanto, muitas vezes o que estamos pensando sobre nosso interlocutor não está em congruência com o assunto que estamos conversando e isso pode gerar percepções negativas por parte do interlocutor. É aquele tipo de comentário que já ouvimos algumas vezes: "eu não fui muito com o jeito daquela pessoa". Parece que, o que se quer dizer nessa frase é "aquela pessoa não me convenceu emocionalmente o suficiente para que eu sentisse nela confiança em compartilhar meus pensamentos". Vejam, a pessoa fez uma leitura, inconscientemente, da outra pessoa. Julgou, baseada nas suas experiências, o comportamento da outra pessoa.

Somos exímios leitores de gestos, mas não temos tanta prática em interpretá-los de forma correta. Nós captamos pequenos movimentos de sobrancelhas, movimentações de ombros, de boca, mas não sabemos especificamente o que representam esses gestos. Normalmente nós julgamos por conta própria e agimos como se aquilo fosse uma verdade suprema, como se soubéssemos que aquilo é realmente a melhor coisa a se fazer. Nos próximos textos explicarei como essas repostas emocionais se padronizam dentro de uma sociedade que compartilha as mesmas idéias. O objetivo dessa coluna nesse blog é capacitar pessoas a serem observadoras dos processos emocionais, para que com isso possam se comunicar de forma mais assertiva, levando em conta suas potencialidades, planos e desejos. Por tudo isso, viva a comunicação!