Neurociência e Comunicação - Eu sou uma pessoa empática? - por João Rilton

Neurociência

20 Abril, 2018

Eu tenho empatia?


Em primeiro lugar, essa pergunta pode ser respondida na grande maioria dos casos com um bom e sonoro "sim", pela maioria das pessoas. A imensa maioria de nós tem a capacidade de ser empático, de praticar a empatia, ou seja, a habilidade mental de se colocar no lugar do outro para sentir o que outro sente, para conseguir entender, ou ainda melhor, aprender sobre a informação que está sendo recebida. Porém, nós só praticamos a empatia com pessoas que temos afinidades ou por interesses pessoais, e é aí que nos limitamos e desenvolvemos uma comunicação de pequena esfera de influência. O nosso poder de influenciar se restringirá apenas às pessoas de nosso ciclo pessoal, treinaremos com pessoas com às quais já temos a habilidade de lidar, não aprenderemos a lidar com a diversidade de humor, caráter e personalidade. Não desenvolveremos a capacidade de encantar as pessoas que não temos afinidade. E isso significa limitar o nosso poder de influência. Se você defende uma causa, quanto mais influente você for, mais adeptos e ajudantes você terá para a sua causa.

Vamos pensar juntos, o que significa, na prática, colocar-se no lugar do outro? O cérebro cria imagens que se assemelham ao que está sendo narrado por alguém, e é assim, como se assistíssemos vivendo a história que o outro nos conta. Nós nos relacionamos emocionalmente com essas imagens. Elas causarão disparos químicos que modularão o humor e nos levará a um estado químico emocional muito próximo do que o outro está sentindo. Isso fará com que as frequências cardíacas se aproximem, e com isso a velocidade da voz também se aproxime e um estado de espelhamento se instale. E o que era sentimento só de um, se potencializa e se torna, por um tempo, sentimento de dois.

O processo de se desenvolver empatia de forma consciente é um investimento potente para aqueles que querem se comunicar de forma diferenciada: clara, segura e objetivamente. É imprescindível a prática consciente da empatia. A situação se assemelha a dar um passo atrás na conversa e passar a ser um concentrado observador da informação que está sendo transmitida. O espelhamento físico facilita todo o processo de empatia. Nos colocar na situação do outro não é apenas imaginar como seria a situação, mas sim, perceber os tipos de emoções que aquela situação causa em nós, e entender que aquele tipo de emoção pode estar dominando a outra pessoa. Isso nos faz mais próximos da comunicação emocional. Normalmente nós estamos muito atentos com a comunicação cognitiva, aquela que busca compreender racionalmente o problema, distante do sentimento do outro, pois esse atrapalharia o julgamento. A empatia é a ação da inteligência biológica emocional.

Hoje, vivemos um momento que será lembrado pela história da humanidade: percebemos que evoluímos muito nas inteligências lógico matemática, na inteligência corporal, espacial, mas caminhamos com passos de tartaruga em direção à inteligência emocional. Vivemos o momento da auto- percepção e os estudos de Neurociência e Psicologia podem muito nos ajudar a compreender fenômenos na comunicação que podem ser evitados ou implantados para uma melhor convivência social, maior desenvolvimento cognitivo e maior gerenciamento das emoções.

Por tudo isso, viva a Comunicação!