Música: um oásis inexplorado na educação.

Educação em foco

01 Outubro, 2016

Música: um oásis inexplorado na educação.

                                                                                                                            

O conceito de ensinar música nas escolas está diretamente atrelado à transmissão de elementos folclóricos e culturais do país e o desenvolvimento de socialização e de expressão pessoal, através de práticas que contemplam a interação do aluno com os colegas de grupo e com a música proposta, seja cantando, dançando ou executando um instrumento musical. Além desses parâmetros mais comuns, podemos considerar que o ensino de música em algumas escolas brasileiras está voltado para as estruturas do fenômeno musical: os compassos, as notas, o ritmo, a harmonia, etc.

Nos dias atuais,  cientistas e pesquisadores mostram, através de inúmeras pesquisas, que a música é algo positivo para o homem e para a sociedade, um tipo de linguagem que nos fascina, que pode produzir efeitos fantásticos quando empregada da maneira correta, que pode auxiliar no aprendizado de matemática, que pode ajudar o desenvolvimento psicomotor da criança (desenvolvimento motor, cognitivo e relacional), que pode facilitar o processo de leitura e ampliar a coordenação motora fina, facilitando o processo mecânico da escrita, ou seja, um verdadeiro oásis de possibilidades no deserto atual que a educação vive. O surgimento do aparelho de Ressonância Magnética Funcional (RMF), e do aparelho de Tomografia por emissão de pósitrons (PET), que permitem um mapeamento do cérebro em tempo real, verificando quais áreas estão sendo ativadas de acordo com as atividades propostas pelos cientistas, fez com que a música passasse a ocupar um espaço de destaque nas revistas científicas, os resultados são surpreendentes, afinal de contas a música é capaz de ativar todas as regiões cerebrais. Os elementos da estrutura musical se relacionam com todas as partes do cérebro, um verdadeiro combustível para a performance cerebral.

O neurocientista Daniel J. Levitin, autor do livro "A música no seu cérebro" foi um dos pioneiros no mapeamento cerebral estimulado pela audição e execução musical. Estudos estão sendo produzidos por todo o mundo à respeito do efeito da música em nosso cérebro: estudos na Bélgica mostram que a música estimula o desenvolvimento do controle cognitivo inibitório, estudos na Califórnia mostram que a música ativa a parte do cérebro responsável pelo foco e atenção, estudos na Alemanha demonstram que o treinamento rítmico é capaz de aumentar a massa cinzenta da região ativada, e já existem estudos que relacionam o aumento de massa cinzenta com o fato de adquirir conhecimento; no Canadá crianças expostas a jogos virtuais de música tiveram em apenas 20 dias um aumento no quociente de inteligência (QI), enquanto as crianças do grupo de controle, que eram expostas a jogos de artes visuais, não demonstraram nenhuma melhora significativa de QI.

 A música pode ser considerada a mais nova e potente ferramenta à disposição de educadores, sejam eles músicos ou não-músicos. O fenômeno "música" merece toda atenção de cientistas da educação, professores, cientistas sociais, psicopedagogos, e todos aqueles que se relacionam com a educação. A música é uma forma de linguagem que carrega a essência do novo e do primitivo, capaz de acionar nossas potencialidades físicas, intelectuais, sociais e criativas. Por tudo isso: viva a música.

João Rilton Franco Correia é coordenador dos cursos de Pós graduação em Neurociências Aplicadas à Educação e Psicopedagogia Clínica e Institucional no IBFE. Professor, Músico profissional, Psicanalista Clínico, Instrutor de Programação Neurolinguística.