Inclusão na Prática l Será que o meu aluno vai aprender? A expectativa do professor de alunos com deficiência intelectual.

Inclusão

19 Maio, 2017

Será que o meu aluno vai aprender? A expectativa do professor de alunos com deficiência intelectual.

Vejo, tanto nas atividades de consultoria quanto nos debates em classes ou salas de professores, um ponto que é recorrente nas conversas com os docentes que abraçam a causa da inclusão e atuam com crianças com deficiência intelectual: será que o meu aluno vai aprender?
Cada uma das centenas de vezes em que me fazem esta pergunta, direta ou indiretamente, promovo a seguinte reflexão: o que é aprender? Podemos ir ainda mais longe. O que é importante no aprendizado deste seu aluno? Por que e para que o estamos preparando?
Para o estudante com deficiência, quando necessário, estão garantidos direitos com o currículo funcional, conhecido como currículo adaptado, avaliações diferenciadas, materiais adaptados e recursos específicos (vide lei 13.146). Ou seja, é possível e devido desenvolver um planejamento pedagógico direcionado para cada quadro, de acordo com as necessidades de cada um. É este o ponto de partida do professor.
Suponhamos que você tenha um aluno com atraso intelectual no primeiro ano do ensino fundamental. Um dos objetivos da turma é finalizar o ano com as apostilas feitas e escrevendo parágrafos. Este aluno, porém, ainda está no processo de reconhecimento de algumas letras. O que é mais importante para ele? Preencher uma apostila inteira ou saber reconhecer o próprio nome? Grafar em letra cursiva ou escrever as palavras principais de seu contexto?
Tenha em mente, professor, que suas expectativas são sempre importantes e mostram o empenho diante de seu aluno. Mas coloque como guia mestre quais são os conteúdos mais importantes para a vida dele, que permitirão sua maior autonomia e felicidade.
Sim, ele irá aprender. Quando, quanto e como, dependerá do quadro, dos estímulos e da plasticidade cerebral de cada indivíduo. Temos um autista em Harvard. Temos superdotados bloqueados em seu desempenho por seus traumas emocionais. As possibilidades de aprendizagem são imprevisíveis. O fundamental é ter a sensibilidade de perceber quais aspectos do desenvolvimento são mais necessários para cada estudante.
E o mais importante de tudo: não foque nos comentários alheios, nos seus próprios anseios, nas metas dos materiais pedagógicos, nos registros padronizados ou nas críticas. Foque no desempenho da criança?. Essa é única e verdadeira a chave do sucesso. Mãos à obra!