Inclusão na prática - E quando o diagnóstico não vem? - por Maibí mascarenhas

Inclusão

20 Fevereiro, 2018

Um dos aspectos que mais gera inquietações entre os educadores efetivamente empenhados em práticas de educação inclusiva é: o que o aluno tem ou é? Qual o laudo? Já temos o diagnóstico?


Obviamente, quanto mais informações tivermos sobre nossos estudantes, mais chances teremos de acertar em nossas ações. Diagnósticos detalhados, relatos sobre a gestação, rotina familiar, terapias de apoio, círculos sociais e outros dados sempre somam e colaboram quando o assunto é educação inclusiva. Nada melhor do que sabermos o que ocorre nos contextos dos alunos, independente da situação, para planejarmos adequadamente as ações pedagógicas. Porém, uma situação bastante frequente no âmbito escolar é: e quando o diagnóstico não vem? Desta pergunta, surgem outras: O que posso fazer por este aluno? O que não posso? Tenho como obrigar a família a enviar o parecer de uma junta médica? Posso eu mesmo, docente ou gestor, tentar saber o diagnóstico?


Vamos por partes. Primeiramente, a escola não tem, até o momento, mecanismos através dos quais possa obrigar a família a fornecer um laudo sobre o aluno. Da mesma forma, não há autorização para que a instituição de ensino traga profissionais de saúde ao ambiente escolar para avaliação do caso, visto que a responsabilidade e escolha são dos detentores da guarda da criança. Porém (muita atenção às ressalvas que virão a seguir), é fundamental que a escola, ao perceber sinais diferenciados no comportamento e desenvolvimento de um estudante, solicite uma reunião com a família e se documente sobre tal ação. Explico: acredito que todos os educadores conheçam famílias que são chamadas 4,5,6 vezes para uma reunião e não comparecem. É importante que a escola se documente sobre ter chamado os familiares e, em seus registros, qual seria o assunto, para que, futuramente, não haja relatos de que os educadores não colaboraram no acolhimento da criança com traços de deficiência.


Segundo ponto: vamos imaginar que o laudo não veio. Sim, em alguns casos, ele nunca virá e a aceitação não existirá. O que eu posso ou não posso fazer por este aluno, que seja permitido legalmente falando e se enquadre em atitudes corretas?


Você poderá, ao sondar e conhecer o aluno, alterar metodologias, adaptar ferramentas, lançar mão de recursos variados, realizar adaptações em atividades escolares e acolher o estudante, praticando o reforço positivo e o incentivo. Todavia, as adaptações formais de currículo, avaliação, solicitação de profissional auxiliar e diferenciação nas metas, dentre outras coisas, dependerão da comprovação clínica da deficiência.


Terceiro ponto: faça o melhor por aquele estudante. Mesmo que faltem informações técnicas, não há nada que impeça um docente de conhecer seu aluno e buscar estratégias que visem seu desenvolvimento. Mesmo sem orientações detalhadas, é possível promover ferramentas de aprendizagem que, posteriormente, retornarão em forma de gratidão. O erro, o desafio e a tentativa fazem parte da vida do educador. O acerto também, pois é resultado do seu compromisso em colaborar com a formação de todos.