Música, Neurociência e Aprendizagem - A Música e a Inteligência Lógico Matemática - por João Rilton

Neurociência

14 Setembro, 2017

Antes mesmo de uma criança nascer, ela já estabelece contato com o ritmo por meio dos batimentos cardíacos do coração da mãe. Apesar do contato com a música acontecer desde a barriga da mãe, ele é mais intenso depois que a criança nasce e começa a viver o universo sonoro que a cerca. Desde cedo ela demonstra interesse por ritmos e sons musicais, e a receptividade ao som é um fenômeno corporal. Isso acontece porque com o passar do tempo a criança experimenta sons que pode produzir com a boca, e é capaz de perceber e reproduzir esses sons acompanhando com os movimentos corporais. Essa movimentação desempenha um importante papel nas formas de comunicação e expressão que se utilizam do ritmo, tais como: a música, a linguagem verbal e a dança.  

Vários aspectos são estimulados com a música e é estreita a relação causal existente entre a inteligência musical e a inteligência lógico matemática. Essas inteligências foram definidas por Howard Gardner no livro Estruturas da Mente (Frames of Mind), de 1983. Essa relação se dá pelo fato da matemática estar diretamente envolvida na estruturação musical, e as duas fizeram parte dos conhecimentos dos indivíduos cultos e respeitados socialmente na antiguidade (Ilari, 2006). Platão dizia que "a música é um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro".

O estímulo que o cérebro recebe quando se estuda disciplinas que envolvam a matemática e línguas, ativa as regiões cerebrais que também são solicitadas para processar a produção de sentido e emoção da música. Segundo a Professora Aurilene Guerra (UFPE), o processo mental que é usado para executar seqüências e perceber espaços envolve complexas funções cerebrais, como as que são utilizadas na resolução de equações matemáticas avançadas. Essas mesmas funções são utilizadas por músicos na execução de um instrumento ou em atividades musicais. Aurilene ainda aponta que estudos mostraram uma correspondência significativa entre o contato nos primeiros anos de vida com atividades que envolviam música e o desenvolvimento da inteligência espacial, que é uma das responsáveis por estabelecer relações entre itens e que favorece as habilidades matemáticas. 

              

       Por fim, podemos entender que a música é uma grande facilitadora no processo de aprendizagem, favorecendo ativamente o desenvolvimento cognitivo e sensitivo da criança. Devemos trabalhar com a motivação, oferecendo atividades que proporcionem prazer, e não impor uma situação. Por tudo isso. Viva a música!